terça-feira, 1 de agosto de 2017

10 coisas que mudam quando você vai morar em outro país

A americana Kimberlynn Boyce é uma conhecida autora de um blog dedicado a quem vive fora do seu país de origem. Na página, ela conta como a vida se transforma para quem deixa sua pátria. Morar no exterior, mesmo que seja só por uma temporada, é algo que muda a vida para melhor, na maioria dos casos.
O Incrível.club lista a seguir 10 das coisas que, segundo Kimberlynn, acontecem sempre que você deixa seu país, sem importar por quanto tempo.

1. Você está sempre melhorando no novo idioma, mas piorando no outro

«Sim, você aprende constantemente o novo idioma, mas desaprende outro. Não sou especialista quando o tema é funcionamento cerebral, mas tenho a impressão de que meu cérebro ‘fecha as portas’ a algumas palavras do meu idioma materno (o inglês), para que eu possa buscar seus substitutos na língua que estou aprendendo. Isso é ótimo; o problema é quando eu realmente quero falar aquela determinada palavra no meu idioma nativo. Uma coisa é sentir um pouco de vergonha por não saber alguma palavra no idioma que ainda está aprendendo, e outra é estar falando diante da sua família ou amigos, mas não conseguir encontrar a palavra em inglês para aquilo que quer dizer. E não é que eu queira me gabar ou fingir que não lembro desta ou daquela palavra, só para dizer que estou acostumada com outra língua. Não. Na verdade, me sinto humilhada procurando desesperadamente a palavra que quero dizer, antes de pronunciar a incômoda frase: «como se diz mesmo isso em inglês?».

2. Sua vida cabe na mala, e essa mala viaja muito

Por algum motivo, eu pensava que minhas malas ficariam esquecidas e cobertas de poeira quando eu voltasse de uma boa viagem. Eu cheguei até mesmo a me perguntar: «o que farei com todas estas malas, agora que estou de volta?». Bem, agora a resposta é clara: continuar usando-as. Minhas malas estão sempre presentes no meu quarto, ao lado ou em cima da cama, sendo preparadas para uma viagem de negócios, férias ou qualquer outro tipo. Sei de memória qual o peso de bagagem aceito por cada companhia aérea, para cada tipo de voo. Conheço mais truques fazer para que tudo caiba na mala do que o hino nacional. Se abrir as malas e esvaziar os bolsos para passar no controle de segurança fosse um esporte olímpico, eu já teria uma medalha de ouro.

3. Não trata-se apenas de uma viagem. Esta é sua vida

Você viveu cinco anos fora do seu país, e volta à terra natal para visitar os parentes e os amigos. É quando surge a pergunta: «Como vai sua viagem?». Às vezes, sinto vontade de gritar: «Não estou viajando! Eu moro lá!», mas não valeria a pena. De qualquer forma, ninguém entenderia.
Por isso, sempre respondo a esta pergunta com um educado «Tantas coisas aconteceram durante esses anos... se você quiser, podemos nos encontrar, comer algo, e eu conto tudo aquilo que mais chamou minha atenção».

4. Você faz conversão de moedas mentalmente

Você pode passar dez anos morando em outro país, mas continuará comparando o valor das coisas com a moeda do seu país de origem. Sempre irá pintar aquela vontade de entrar nas lojas só para comparar os preços. É algo que passa a fazer parte de você e que você não poderá evitar, por mais que queira.

5. A linha que divide o ’normal’ do ’estranho’ ficará muito tênue

Ainda que muitos pensem que o mundo de hoje é um grande McDonald’s global, a realidade não é bem assim. Cada cultura, mesmo a de países vizinhos, têm conceitos diferentes do que é normal e do que não é. Em alguns lugares, é normal que as pessoas se beijem na rua, enquanto em outros, não é. Há lugares onde fumar maconha é algo comum. Já em outros, continua sendo considerado crime.

Saí dos Estados Unidades quando tinha 23 anos. Na época, achava errado que alguém andasse pela rua com o dedo no nariz. Por outro lado, tinha o hábito de palitar os dentes após as refeições. E onde vivo agora é o contrário: se quiser, posso limpar meu nariz com os dedos em plena rua, mas não serei bem vista se palitar os dentes em público. O bom disso tudo é entender que o mundo é cheio de diferenças, e isso é libertador.

6. A forma de aproveitar o tempo varia de país para país

Nos Estados Unidos, você não pode convidar alguém para tomar um café agora mesmo. Lá, as pessoas vivem de acordo com a agenda e se incomodam muito quando precisam esperar mais do que cinco minutos. Agora imagine: onde eu moro agora, chegar 30 minutos atrasado é algo normal, e no começo eu ficava muito incomodada. É como se todo mundo fosse coberto por uma camada de cola: tudo se desenrola lentamente, e é difícil fazer várias coisas num dia só.
Mas você logo se acostuma e se adapta, ainda que se surpreenda com o fato de algumas pessoas serem totalmente dependentes do tempo, enquanto outras nem ligam para ele.

7. A palavra ’rotina’ some do seu vocabulário

Independentemente de como anda sua vida no lugar onde você vive no momento, se tudo saiu conforme o planejado ou não, você nunca ficará entediado nem sentirá que está vivendo um dia igual ao outro. Haverá sempre algo novo, bom ou ruim, que impedirá que você caia na rotina.
Um dia, tive de passar horas só para pagar duas contas. Mesmo assim, não posso garantir que amanhã terei água e eletricidade em casa, coisas tão imprescindíveis! Por isso, tenho sempre um plano B, caso as coisas não saiam como eu planejei.
Em poucas palavras, as coisas inesperadas irão acontecer com 10 vezes mais frequência do que quando você mora em sua terra natal.

8. Você irá perder tudo, mas isso não terá importância

Este é o principal argumento contra a emigração, reforçado com a ideia segundo a qual «você não precisa fazer isso. Você viverá à margem da sociedade». Talvez seja verdade, mas deixe que eu conte um segredo: se a questão é viver à margem, há muita gente que vive assim em sua própria pátria.
Na verdade, as pessoas têm medo de se mudar para outro lugar por medo de se tornar um ’ninguém’, por acharem que não encontrarão um trabalho com o qual já estão acostumadas ou por não querererm perder o círculo social de sempre. Mas há algo que posso dizer: ao mudar-se de país, você perde tudo (menos os pertences que irão na mala): os lugares onde você gostava de passear, as tardes com a família, suas lojas favoritas e os produtos prediletos (com exceção da onipresente Coca-Cola). Você sentirá falta dos aromas, cores, do clima e dos sabores.
Por outro lado, isso não será um incômodo. Você terá a chance, ao menos por um tempo (geralmente, por uns dois anos) de não pensar em seu status social ou naquilo com o que estava acostumado em casa. O mundo novo onde você acaba de chegar irá te absorver totalmente, e você entenderá que o sucesso material não é tudo na vida. Enquanto não viver em outro país, você não fará sequer ideia de que tudo aquilo que é realmente essencial cabe em umas poucas malas. Após algum tempo, você nem lembrará daqueles objetos que julgava indispensáveis.

9. Você vai achar que TUDO é possível

Agora você sabe, com certeza, que colocar tudo numa mala e ir a qualquer lugar é possível em um só dia. Recomeçar do zero? Hoje, este pensamento não só me inspira, mas também me conforta. Sei que é sempre possível começar (seja o que for) de novo.

10. Tudo irá mudar

No começo, você se sentirá humilhado: precisará pedir ajuda às pessoas (quase sempre desconhecidos) para as coisas mais simples. Os dias serão tão difíceis e incomuns que, às vezes, dará medo. Mas o tempo passa e você começa a se sentir melhor, como um peixe na água, e seu coração trocará a sensação de incômodo pela certeza de que você é capaz de muito mais do que pensava.

«Se você tem coragem de deixar para trás tudo o que lhe protege e conforta, seja sua casa ou velhos rancores, e embarcar numa viagem em busca da sua verdade, seja rumo ao interior ou ao exterior, se você estiver disposto a se deixar iluminar pelo o que acontecer durante a viagem, se você estiver preparado, sobretudo, para afrontar e perdoar algumas das verdades mais duras sobre você mesmo, então a verdade absoluta virá até você».
Elizabeth Gillbert.

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