No entanto, há alguns problemas no mundo jurídico que parecem ser uma epidemia contagiosa que se espalha tristemente. Eu observava em meus colegas uma grande necessidade de exibição, uma grande falta de humildade e uma grande necessidade de passar por cima do próximo, de provar ser o melhor. Notava colegas se exibindo pelos corredores da faculdade.
Também sentia uma grande necessidade de adotar um vocabulário que me faça diferente da sociedade. Um vocabulário que só quem fez direito (e bem) entenderá. Uma mudança de diálogo que começa desde o primeiro semestre acadêmico e permanece por toda carreira jurídica.
Lembro-me de um dia em que tive acesso a um parecer pela primeira vez. Até aprimeira página, estava tudo ótimo, logo depois, havia muitas palavras em latim que eu não fazia ideia do que significava (Logicamente apareceram muitas palavras em português que eu também nunca tinha visto). Aos trancos e barrancos terminei a leitura e lá no final havia uma expressão muito utilizada no mundo jurídico, mas que era a primeira vez que eu tinha contato, era o: “s. M. J.”.
Após o fim da leitura, eu só conseguia me perguntar uma coisa: Por que tanta formalidade em documento cuja única finalidade é transmitir ao leitor uma resposta as suas dúvidas e não deixá-lo com mais uma ainda? Porém, não entender algumas palavras foi normal para mim, eu pesquisaria sua tradução e as entenderia (também não queria que o "amigo advogado" pensasse que eu era burro demais), mas aquela abreviação me chamou muito a atenção e eu precisava Indagar o nobre advogado (e diga-se de passagem, é uma excelente pessoa) sobre o que significava aquele pequena expressão que finalizava aquele belo parecer. A Resposta do causídico foi a seguinte: “Olha, cara, pra ser sincero eu não sei o que significa essa expressão mas a gente sempre usa.”
Enfim, nobre juristas da Ilha de Vera Cruz e futuros operadores do Direito, eu vos peço, encarecidamente, que haja mais humildade em nossos corações porque eu acredito que é isso o que mais nos falta. Se formar em direito não é nada fácil, passarão anos para se formar, tem a OAB pela frente, um mercado acirradíssimo para escrever seu nome, precisa se reciclar constantemente em um mundo jurídico onde quem para de estudar não tem sucesso. Acredito que ao longo desse caminho árduo nós vamos perdendo nosso vigor, nossa vontade, ainda mais em um país sujo e corrupto como o nosso que parece não ter mais como melhorar.
Caros advogados e futuros advogados, “não deixem a peteca cair”! Há muita gente por esse mundão que precisa da sua contribuição. Larguem a formalidade e essa distância tão grande entre Direito e sociedade. Busquem de volta a humildade, humanidade e amor pela profissão. E Levem o direito para toda a sociedade que é quem norteia seu trabalho, e não deixem que "um Brasil melhor" se torne mera utopia.
Para finalizar o desabafo, gostaria de citar RACHEL SHEHERAZADE, 40, jornalista pela Universidade Federal da Paraíba, é âncora do telejornal "SBT Brasil" cujo seu ideal muito me motiva e uma pessoa que não se intimida perante as dificuldades impostas pelo Estado (ou pela corja por trás deste) no objetivo de buscar mudanças: “Este texto não é um manifesto. Este texto é um alerta.”
Mudemos agora, ou morreremos sem cumprir nosso dever e sem ver mudança. Indignai-vos!
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