quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Viver de Advocacia? Só advogando para bandido...

REVISTA GQ consultou os mais tradicionais escritórios brasileiros para saber quem são os advogados mais poderosos do país, em seis áreas do direito.
Viver de Advocacia S advogando para bandido
Elegeram os 15 Advogados mais poderosos do Brasil nas seguintes bancas: Trench, Rossi e Watanabe; Demarest; Pinheiro Neto; Machado, Meyer, Sendacz e Opice; Levy & Salomão; Leite, Tosto e Barros; Duarte Garcia, Caselli Guimarães e Terra; Martinelli; e Silveira, Athias, Soriano de Mello, Guimarães, Pinheiro e Scaff
Essa publicação gerou uma série de polêmicos comentários na comunidade jurídica. Alguns me chamaram bastante atenção:
Advogado bom é aquele que é amigo do Juiz. O tráfico de influência também é muito forte nesse meio. Sinceramente eu não consigo entender como um advogado ficar rico defendendo político! Isso só acontece se o político for corrupto, pois só com o salário normal do parlamentar não dá nem pra ele viver no luxo! SP
Ou seja, os mais poderosos são aqueles que usam as lacunas da Lei para inocentar bandidos de colarinho branco... Ai viram doutores mesmo sem doutorado ou faculdade de medicina... São os 15 maiores lixos do Brasil, isso sim!
Já sei como lavar dinheiro: contrate um advogado e pague-lhe muito dinheiro; depois que você for solto, receba a sua parte de volta.
Também, advogando para políticos, bancos e empresas, fica fácil ser poderoso. Quero ver ter peito para encarar idosos desdentados da previdência, mães adolescentes com seus pedidos de pensão ou trabalhadores na miséria buscando seus direitos! Alguém tem que fazer o trabalho sujo né?
Viver de Advocacia S advogando para bandido

Tudo isso me fez refletir sobre duas questões. A primeira se refere a confusão entre advogados e clientes, havendo uma irresistível vocação da opinião pública em prejulgar o caráter dos defensores em razão dos atos praticados por seus clientes.
De toda forma, nada mais perigoso para a Democracia do que o vilipêndio ao direito de defesa.
Além disso, o código de ética da advocacia expressamente determina, ao estabelecer que “é direito e dever do advogado assumir a defesa criminal, sem considerar sua própria opinião sobre a culpa do acusado” que um advogado criminalista não pode efetuar qualquer espécie de filtro moral, em relação a seus clientes.
Na prática, sabemos que é uma premissa de difícil aplicação, mas merece nossa reflexão...
Outra questão ainda mais preocupante é a crença de que apenas algumas áreas do direito possibilitam boa remuneração, ou seja, viver de advocacia é monopólio dos defensores dos magnatas.
Viver de Advocacia S advogando para bandido
Inicialmente devo discordar dessa crença por diversas evidências que se apresentam diariamente entre alunos e atendidos.
Identifico duas práticas comuns entre Advogados de qualquer porte ou área que se sustentam confortavelmente:
1. Possuem gestão sustentável dos 12 Pilares da sua Advocacia (Conheça o E-book gratuito sobre Gestão Sustentável)
2. Segmentação e posicionamento no mercado. ( Aprenda Técnicas Exclusivas)
Viver de Advocacia S advogando para bandido
Advogados que atuam em áreas muito distintas no Direito, mais cedo ou mais tarde, serão obrigados a se decidir para construir um posicionamento sustentável.
Afinal, do que adianta encontrar uma “mina de ouro”, identificar onde estão os melhores clientes, se eles não sabem como te encontrar?
As áreas Trabalhista, Tributária, Cível Contratual e Recuperação de Créditos, tendem a ter incremento em razão do atual ciclo econômico de alto endividamento das famílias e leve estagnação econômica que o país tende a atravessar nos próximos anos.
Aproximadamente 53% dos advogados atuam na área Trabalhista, dos quais aproximadamente 70% atuam no segmento PF (pessoas físicas). É uma área de forte concorrência, mas que apresenta demanda permanente de serviços.
A área Previdenciária é aquela que tende a ter o maior incremento de ciclo longo, ou seja, próximos vinte anos, em razão do envelhecimento do maior grupo etário de nossa pirâmide (35 a 60 anos).
Na área de Família e Sucessões, a concorrência ainda é sustentável e impactada por critérios sociais e demográficos, como separações e inventários familiares, esta área apresenta tendência a incremento nos próximos anos, com uma concorrência aceitável.
No geral, quando o assunto sobre tendências de demanda nas áreas jurídicas é abordado em nível nacional, são evidenciadas as áreas de internet, telecomunicações, agrobusiness, ambiental, biodireito, médico, infraestrutura, operações financeiras e consumo.
Contudo, mesmo que tais áreas alcancem destaque como macro tendências, devemos levar em consideração o contexto de sua aplicabilidade entre as diversas regiões do País.
Pesquise em bases de dados disponíveis, acompanhe as notícias e faça diariamente o exercício de antever tendências econômicas, sociais e culturais que possam impactar a demanda jurídica de sua área de atendimento, assim, poderá se posicionar de forma assertiva.
Viver de Advocacia S advogando para bandido
Percebo também certa “rixa” entre os colegas na militância jurídica. Alguns Advogados cíveis dizem que são melhores do que os criminalistas porque não defendem bandidos, certos trabalhistas podem se sentir superiores pela vultuosidade de algumas causas e agilidade nos acordos, podendo ainda acontecer uma subdivisão, advogados das reclamadas se sentirem melhores do que os dos reclamantes em razão dos honorários ou porte do cliente...
Sem contar com alguns tributaristas, que encontram superioridade em razão da ausência de audiências, possibilidade de acordar “mais tarde”, convívio com quantias milionárias e clientes da mais alta classe.
Isso só favorece a desunião da classe, contribuindo para o desprestígio em escala viral.
Já vimos que os médicos são unidos em sua política de cobrança, assim como na ética das indicações. Não me lembro de ter visto um clinico geral depreciando um alergista em razão da sua especialidade. Não me lembro de ter ouvido “se você fizer tratamento comigo não cobro consulta” e também não tenho lembrança de algum profissional de saúde ter rechaçado um médico por ter atendido um traficante baleado.
Quando vamos perceber que a medida de valores que usamos em nossa classe funciona como um bumerangue? Se não estamos recebendo alguma coisa que gostaríamos (bons clientes, celeridade do judiciário, faturamento satisfatório, bons colaboradores, visibilidade, reconhecimento), talvez devêssemos considerar o que estamos arremessando lá fora. Como você vai arremessar seu bumerangue hoje? A decisão é sua.
*CONHEÇA A LISTA DOS 15 ADVOGADOS MAIS PODEROSOS DO BRASIL
Márcio Thomaz Bastos – Penal (Edir Macedo, Roger Abdelmassih, Carlinhos Cachoeira)
Pierpaolo Cruz Bottini – Penal (Professor Luizinho (PT-SP mensalão),
Francisco Müssnich - Operações financeiras (Comitê Organizador Local da Copa, venda do Banco Pactual e Brasil Telecom)
Arnoldo Wald – Cível (Confederação Nacional do Sistema Financeiro (Consif) na ação correção cadernetas de poupança)
Jairo Saddi - Contratos comerciais (por suas mãos já passaram 40 liquidações de bancos)
Édis Milaré - Meio ambiente (Antes Promotor, depois defensor do o consórcio Norte Energia)
Marcelo Ferro – Cível (Camargo Corrêa, Queiroz Galvão, OAS, Andrade Gutierrez e Odebrecht. Pão de Açúcar)
Antônio Carlos de Almeida Castro – Penal (defesa de 17 ministros do governo FHC e 8 de Lula. Conhecido como Kakay, é o criminalista mais requisitado de Brasília)
Sérgio Bermudes – Cível (Eike Batista e a recuperação judicial da OGX)
José Roberto Opice - Operações financeiras (Fusões e vendas: Ambev, Vale, Bamerindus)
Paulo Valois – Infraestrutura (vitória pelo livre acesso ao gasoduto Bolívia-Brasil travada entre suas clientes BG e Enron e Petrobras.
Nelson Eizirik - Contratos comerciais ( Fusão Itaú e Unibanco)
José Luís de Oliveira Lima – Penal ( Defesa José Dirceu)
Carlos Ari Sundfeld – Infraestrutura (autor da Lei Geral de Telecomunicações,
Arnaldo Malheiros Filho – Penal (já defendeu Paulo Maluf, Orestes Quércia e Fernando Henrique Cardoso, além do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, Eliana Tranchesi - Daslu)

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