quarta-feira, 2 de novembro de 2016

EUA têm centenas de candidatos além de Hillary e Trump; veja principais

Libertário Gary Johnson e verde Jill Stein também pontuam em pesquisas.
Inscritos e independentes concorrem com candidatos indicados por partidos.


Parte de cédula eleitoral do condado de Davidson, no estado do Tennessee, nos EUA (Foto: Reprodução/Nashville.gov)

Parte de cédula eleitoral do condado de Davidson, no estado do Tennessee, nos EUA (Foto: Reprodução/Nashville.gov)
As eleições presidenciais dos Estados Unidos oferecem muitas opções para aqueles que se recusam a votar na democrata Hillary Clinton ou no republicano Donald Trump. Na verdade, os eleitores têm este ano centenas de candidatos para escolher -- na Comissão Eleitoral Federal há mais de 1.800 candidaturas registradas, embora muitas sejam de pessoas que aparentemente não fizeram campanha de fato.
Além de Hillary e Trump, apenas outros dois aparecem nas pesquisas de intenção de voto: o do Partido Libertário, Gary Johnson, e a do Partido Verde, Jill Stein.

Em alguns estados, porém, outros nomes estarão impressos nas cédulas. Em pelo menos 15% delas, os eleitores verão as opções Darrell Castle, do Partido Constitucional, Rocky De La Fuente, do Partido Reformista, Gloria Estela La Riva, do Partido pelo Socialismo e Liberação, e o independente Evan McMullin

Existem três formas de concorrer à presidência dos Estados Unidos: sendo indicado por um partido, como candidato independente ou como candidato inscrito. Os mais conhecidos e votados sempre são os do primeiro tipo, neste ano representados por Hillary, Trump, Johnson e Stein.

Para um independente, já é difícil até mesmo ter seu nome incluído nas cédulas. Para isso, é preciso apresentar uma petição somando pelo menos 880 mil assinaturas em todos os 50 estados do país. As únicas exceções são os estados de Colorado e Louisiana, que aceitam o pagamento de taxas no lugar de assinaturas.

Já os inscritos não aparecem nas cédulas, e os eleitores precisam escrever seus nomes ao votar. Para se candidatar nessa categoria, 34 estados exigem o preenchimento de um requerimento para que possíveis votos sejam válidos e outros sete dispensam esse procedimento. Nove estados, porém, não aceitam as candidaturas de inscritos.

A Constituição dos EUA determina que “nenhuma pessoa, exceto um cidadão natural ou cidadão dos Estados Unidos, na época da adoção desta Constituição, dever ser elegível ao cargo de presidente; também não deve pessoa alguma ser elegível a esse cargo se não tiver chegado à idade dos trinta e cinco anos e tenha sido por quatorze anos um residente dos Estados Unidos”.

Cédulas
Nas eleições de 8 de novembro deste ano, apenas três candidatos terão seus nomes nas cédulas de todos os 50 estados: Hillary Clinton, Donald Trump e Gary Johnson. Jill Stein constará nos papéis em 44 estados e concorrerá em mais três como candidata inscrita.

Uma pesquisa ABC/Washington Post divulgada em 1º de novembro apontava Trump com 46%, contra 45% de Hillary. Johnson aparecia com 3% e 2% dos entrevistados diziam apoiar Stein. 

A pontuação de Johnson é atribuída principalmente a republicanos e democratas que não aceitam as escolhas de seus partidos e se recusam a votar em seus oponentes diretos. Stein, em menor proporção, também é favorecida pelo desencanto desses grupos. Mas quem são eles e quais suas propostas? Veja a seguir.
Gary Johnson, candidato do Partido Libertário à presidência dos EUA (Foto: Divulgação)
Gary Johnson, candidato do Partido Libertário à presidência dos EUA (Foto: Divulgação)
Gary Johnson
Gary Earl Johnson tem 63 anos e foi governador do Novo México entre 1995 e 2003. Ele já concorreu à presidência em 2012, inicialmente como republicano, mas assumindo a candidatura como libertário depois de alguns meses. Naquele ano, teve 1.2 milhão de votos, ou 0,99% do total, e ficou em terceiro lugar.

Como governador, ganhou o apelido de “Governor Veto” porque vetou mais de 750 leis durante seus dois mandatos. Johnson também ficou conhecido por ser “o governador mais conservador em termos fiscais” e se orgulha de ter cortado impostos 14 vezes e deixado o cargo com o Novo México sendo um dos únicos quatro estados do país com finanças equilibradas.

Entre suas principais propostas estão a legalização da maconha e o que ele diz ser “o melhor plano de criação de empregos entre todos os candidatos”. Johnson é contra a pena de morte e a militarização da polícia e indica alternativas que não concordam com republicanos ou democratas em assuntos como imigração, política externa e defesa, impostos e controle de gastos.

O candidato libertário também pode ser surpreendente, seja por seu comportamento inesperado em algumas situações ou por gafes. Em uma entrevista à MSNBC, por exemplo, ele começou a morder a própria língua em meio a uma resposta, assustando a repórter. Além disso, também admitiu que sequer sabia o que era Aleppo, a cidade mais atingida pela guerra civil na Síria, e não conseguia nomear um único líder mundial que admire, mesmo com a ajuda de seu candidato a vice,  Bill Weld.

Em sua vida pessoal, Gary Johnson se define como um atleta e aventureiro, tendo escalado os picos mais altos dos sete continentes, incluindo o Monte Everest. Ele é casado, tem dois filhos adultos e mora em uma casa que construiu com suas próprias mãos na cidade de Taos, no Novo México.
Jill Stein, candidata do Partido Verde à presidência dos EUA (Foto: Divulgação)
Jill Stein, candidata do Partido Verde à presidência dos EUA (Foto: Divulgação)
Jill Stein
Jill Ellen Stein, de 66 anos, é médica, foi professora de Medicina em Harvard e também concorreu à presidência em 2012. Com quase 470 mil votos (0,36% do total), ela é a mulher mais votada para o cargo até hoje. Seu único cargo público por enquanto foi como vereadora em Lexington, mas ela também já concorreu a deputada e duas vezes ao governo do estado de Massachusetts.

Ela se tornou ativista no final dos anos 90, quando intensificou sua preocupação na relação entre a saúde das pessoas e o ambiente no qual elas vivem. Desde então passou a participar de protestos e testemunhou perante diversas comissões governamentais que analisavam riscos de contaminação e impacto ambiental de projetos.

O ponto central de sua campanha é cancelar as dívidas de estudantes universitários, concedendo anistia a milhares deles em todo o país. Ela também promete expandir medidas de proteção ao meio ambiente, direitos LGBT e reduzir desigualdades salariais entre homens e mulheres. 

Stein, porém, também tem algumas opiniões polêmicas. Ela defende, por exemplo, uma nova investigação sobre o 11 de Setembro, dizendo que é preciso “descobrir a verdade” por trás dos atentados terroristas, e é criticada por cientistas por declarações já feitas sobre vacinas e wi-fi.

Primeiro a candidata disse em seu perfil no Twitter que “não há evidência” que exista uma relação entre vacinas e autismo, mas depois de um tempo mudou o discurso para “não estou ciente de evidências ligando autismo a vacinas”. Atualmente, no entanto, ela diz que defende a vacinação de todas as crianças. Quanto ao wi-fi, em um evento com mães e professoras, ela afirmou que é preciso afastar as crianças das telas o máximo possível e, ao ser perguntada sobre redes sem fio, disse que “não deveríamos sujeitar os cérebros das crianças a elas”.

Jill Stein é casada, tem dois filhos adultos e se considera agnóstica. Ela se aposentou como médica em 2005 e deixou de dar aulas em 2006, dedicando-se exclusivamente ao ativismo e à política desde então. Mora em Lexington, Massachusetts.


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