quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Vale a pena viver, vale a pena crer, vale a pena amar

Por DIÁRIO DA MANHÃ - GETÚLIO TARGINO LIMA*
Tive acesso ao vídeo onde aqueles três jovens (dois menores e um maior) massacraram outro rapaz, com pontapés e dez ou mais tiros.
Impressionou muito também a entrevista do menor que deu como sendo um vacilo o fato de haverem gravado o assassinato, além de confessar ter praticado outros dois (e ainda não alcançou a maioridade)!
Da mesma forma, chama-nos a atenção a corrupção desenfreada, que alarma até ministros de Cortes Superiores de Justiça, pessoas com experiência de vida, com grande trecho estrada já percorrido.
Também nos espanta que, nas famosas “operações” da polícia federal, sejam apanhados nas malhas investigativas também membros das forças policiais, alguns até graduados, dos quais esperávamos segurança e cumprimento rigoroso das leis.
Ficamos também perplexos quando nos deparamos com avassalador crescimento do mau gosto artístico, de um modo geral, mas principalmente na música, na pintura, na escultura e na literatura. Encontramos, às vezes, em locais do maior destaque quem ali não poderia nem deveria estar.
Ficamos sem resposta razoável quando nos perguntamos sobre o porquê de o homem ser o maior predador do planeta, e nos deparamos com florestas devastadas, árvores centenárias cortadas.
E a mídia vai nos massacrando, atropelando, soterrando com as notícias e as fotos e vídeos destes acontecimentos, destas situações, destes fatos e isto nos leva a uma estado de inquietação, até mesmo de um certo desespero.
Já andei lendo por aí frases assim: “O mundo está perdido mesmo!”, “ Não tem mais jeito não”, “ Agora estamos no fim.”
Andei refletindo sobre tudo isto e levantei algumas premissas verdadeiras, para evitar que tirasse conclusões falsas, pondo a perder o silogismo filosófico, golpeado pelo sofisma.
Em primeiro lugar, é urgente compreendermos que não é a maioria que pensa e age assim. Não é a maioria que engole estas bolotas que são jogadas à beira da estrada da vida como se fossem alimento saudável. Não é a maioria que se corrompe, e mesmo no meio deplorável dos corrompidos e corruptores, na lama, sobrevivem flores belíssimas.
Assim, onde quiser que estivermos, ali fomos colocados pela mão de Deus, como flores para perfumar o ambiente, como luzes, para iluminar a escuridão, como ar puro, para criar um canal respirável em meio ao ambiente putrefeito.
O momento não é para lamentações e intermináveis críticas. O momento é de ação.
E para agirmos, é preciso crer e amar.
Em suas prédicas, dizia dona Thalízia Reis: Não basta crer. É preciso amar.
Verdade absoluta, que tive a ousadia de complementar: Não basta crer. É preciso Amar. E só se ama agindo, pois o amor é a plena atividade no bem.
Quanto mais densas as trevas, mais valor tem a mais pequenina chama de luz. Por isto, se ao invés de nos desesperarmos reconhecermos que, infelizmente, a notícia do mal é que é mais chamativa e a que justifica a manchete, e que o errado produz mais barulho do que a suave brisa do bem, compreenderemos que uma imensa maioria silenciosa nos cerca e que nosso papel, independentemente do foco do noticiário ou dos holofotes da mídia, é continuar nossa marcha, firmes em nossas convicções e crendo no belo, no bem e na virtude.
Este é, perfeitamente, o exato momento em que devemos nos dispor a crer e a agir, distribuindo o amor de que a humanidade tanto carece.
Porque é nas trevas mais densas que a luz se mostra mais necessária, mesmo que seja uma simples vela.
Vale a pena viver. Vale a pena crer. Vale a pena amar.
*Getúlio Targino Lima, advogado, jornalista, escritor, membro e atual presidente da Academia Goiana de Letras,

Nenhum comentário:

Postar um comentário