domingo, 5 de fevereiro de 2017

Topless na praia vira caso de Justiça na Argentina

Incidente com banhistas incentivou processo e manifestação.



O "topless" virou tema para a Justiça na Argentina. Após uma patrulha policial proibir três mulheres de exibirem os seios em uma praia no fim de semana passado, cidadãos argentinos se revoltaram contra a medida, convocaram uma marcha chamada "Tetazo" e abriram um processo judicial. O debate gira em torno da liberdade individual, dos direitos femininos e das acusações de provocação sexual com cunho pornográfico. No último fim de semana, um grupo de policiais pediu para três mulheres pararem de fazerem topless na praia de Necochea.  



A abordagem dividiu o público da praia, sendo que parte dos banhistas criticou a ação, mas outra parte apoiou os agentes de polícia e hostilizaram as mulheres que estavam com os seios à mostra. O caso foi levado à Justiça e analisado pelo magistrado Mario Juliano, do Tribunal Criminal 1. Apesar de arquivar o processo por "falta de relevância", o juiz escreveu um texto, em primeira pessoa, publicado em jornais locais, defendendo as mulheres. "A defesa irrestrita das liberdades me leva a tomar uma posição a favor das mulheres que decidiram descobrir seus seios", disse.   
"Não queremos que episódios assim se repitam. Devemos melhorar este tipo de comportamento e promover uma convivência pacífica", afirmou, por sua vez, a secretária de Desenvolvimento Humano de NecocheaJimena López, propondo a criação de uma zona exclusiva para topless.
Segundo López, os policiais interpretaram o topless como uma "contravenção por exposição de órgãos genitais". "Mas esta é uma interpretação subjetiva, pois as mamas não são consideradas como órgãos genitais", ressaltou.
O debate tomou a imprensa argentina nos últimos dias e incentivoua marcha "Tetazo", marcada para a próxima terça-feira (7), em frente ao Obelisco de Buenos Aires. O escândalo na praia argentina, porém, não foi o primeiro. No ano passado, uma mãe que amamentava em uma via pública foi obrigada a deixar o local, após abordagem policial.
A lei sobre "exibição obscena" na Argentina foi redigida em 1973, é mencionada no Código Penal e cita uma proibição a amamentação em via pública. Uma pesquisa recente publicada na Argentina constatou que 1 a cada 3 homens se disse "incomodado" ao ver uma mulher amamentando na rua. Na contramão, o papa Francisco, nascido na Argentina, pediu no dia 8 de janeiro que as mulheres amamentem seus filhos em público, em uma tentativa de desatar o cunha sexual dos seios.
"Vocês sabem que a cerimônia é um pouco longa e alguns bebês podem chorar de fome. Se isso acontecer, vocês, mamães, podem alimentá-los sem medo, com normalidade, como Nossa Senhora", disse o Papa, durante uma missa de batismo dentro da Capela Sistina, no Vaticano. (ANSA)

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