quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Crônica do dia 10-12-2009 - O Natal e os amigos-secretos

Vai Natal, vem Natal e a brincadeira do amigo-Vasecreto cada vez mais toma força. Dizem que a idéia surgiu no início do século passado, em plena depressão de 1929, com a queda da bolsa de valores americana. Como as “vacas estavam magras”, alguém teve a idéia de trocar presentes para que todos saíssem da brincadeira com pelo menos um. E parece que ela é uma brincadeira mundial: na terra do Tio Sam, ela se chama “secret Santa”. Lá, o nosso Papai Noel é chamado de Santa Claus – o São Nicolau. Nos países de língua hispânica, ela se denomina “amigo invisible” – o amigo invisível – e por aí afora.

Nesta época pré-natalícia, as famílias estipulam o seu valor e começam a se mobilizar, preenchendo os papeizinhos com os nomes de todos os seus integrantes, para sortear o seu amigo. Às vezes, como se sabe, ela tem de ser feita mais de uma vez, pois a pessoa “tira” o seu próprio nome. Quando chega o dia de anunciar o seu “amigo invisível”, a revelação se dá por meio de dicas, risos e gritos.

Existem aqueles que torcem para ser sorteado por determinada pessoa, porque sabem que vão ganhar um bom presente. Outros nunca estão contentes com o que ganham. Outros ainda ficam na expectativa: será que vou tirar a minha sogra?

Nas escolas, empresas e faculdades não é diferente. O valor depende da situação financeira. Para uns, vale tudo. Para outros, existe só o preço mínimo. Há aqueles que estipulam um valor mínimo e o máximo. Já vi até de R$ 1,99. É mais pela brincadeira mesmo. Neste caso, os presentes mais inspiradores são anjinhos, porta-retratos, espelho de bolsa. Já vi até gente ganhando sapo de gesso, aquele deitado com uma pança avantajada e a cabeça sendo segurada pela mão, de cor verde. Até que lembrava, e muito, a barriga e o jeito de deitar de quem o recebeu. Haja criatividade.

Ultimamente, o costume é deixar uma lista com o presente que se queira ganhar. Foi o que me chamou atenção. Estava afixado em num mural a seguinte frase: “Que tal dar uma ajudinha para o seu amigo?” A coisa é bem organizada. Cada um assina o seu nome e ao lado o presente que quer ganhar. O que me chamou ainda mais atenção foram os seguintes pedidos: chinelo de dedo com tirinhas finas – menos dourado, um livro (ou), uma pulseira, carteira, vale da loja XYZ, vale-presente de R$ 100 (nada modesto por sinal), bolsinha de ladinho quadradinho não muito brilhosa, a fulana tem uma e a sicrana também, tem duas alças.

A imaginação começou a fluir. Pensei então no Papai Noel e sua família. Fiquei imaginando o que eles iriam escrever na lista: o Bom Velhinho iria pedir um trenó novo, 4 x 4, diesel, com air bags. Sua esposa, a Boa Velhinha iria pedir uma máquina de fazer biscoitos, aqueles de Natal. A “sogra Noel”, uma vassoura, em formato de aspirador de pó, movida a GNV. E, finalmente, o “sogro Noel”, uma vara de pescar wireless.

Brincadeiras à parte, creio que o tal presente do amigo-secreto deva ser uma coisa espontânea – uma surpresa na essência. Esse negócio de escolher o próprio presente deixa a brincadeira sem emoção. Qual é a graça de abrir o presente sabendo o que o espera? O legal mesmo é abrir o pacote e ter a curiosidade, até o fim, de apreciar a lembrança, goste ou não goste. Aliás, foi o que aconteceu. No último Natal, depois de brigar com o meu pacote para abri-lo, recebi uma linda bermuda, daquelas de não se usar nunca, mas faz parte, troquei por uma usável. Meninos e meninas, que a brincadeira seja “à moda da casa”, ou seja, ao seu próprio gosto e que acima de tudo aproveitem o verdadeiro espírito de Natal. Que os abraços sejam sinceros e o maior presente de todos esteja sempre presente: a saúde. Boa brincadeira.

Um comentário:

  1. Se você conhece outra forma de fazer o "amigo secreto", remeta-me que terei o máximo prazer em publicá-lo.

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