Picanha Assada no Espeto
(AlmeidaContador)
Hoje é sexta feira, vale considerar que, sendo fechamento de mais uma semana de trabalho, convém sair e comer uma suculenta picanha completa. Se ao gosto da desta iguaria vem logo à lembrança, infelizmente, a maioria não pode esquecer do peso, do perímetro, da taxa de glicose, do colesterol.
Há ainda quem lembre da hipertensão arterial. Mas não é possível deixar de comer, mesmo que com intervalo de semanas, uma boa picanha no espeto. Isto tudo dá um certo remorso, mas não evita o crime. Ninguém é perfeito.
O problema é a consciência — há quem ainda tenha — e ela nos inferniza bastante.
Cuidado. Se você tem consciência, você deve ter muito cuidado pois elas em geral são ditadoras, radicais, chatas e nos fazem lembrar que existem justamente quando menos se deseja. São implacáveis. Na realidade estas consciências mais implacáveis tornam-se totalmente independentes de seus donos e abusam deles.
Imagine só a cena. Sexta Feira, noite chuvosa, temperatura média, mais para um frio que para calor. Parece ideal para a uma gostosa picanha. Você sai, arranja mesa no restaurante de sempre. Observa o pessoal todo ali aproveitando-a.
Aí, sua consciência começa a falar.
— Não, hoje não, faz só uma semana que você comeu aquela lasanha, aquela pizza. Espera um pouco mais. Amanhã pela manhã você vai naquela festa e vai querer comer de tudo. Não abuse agora. Deixa pra festa de amanhã.
Você vai ouvindo, ouvindo, ouvindo aquela ladainha enquanto se serve. Chega no feijão tropeiro com torresmo e voce pega apenas tres torresminho achando que já está fazendo um grande sacrifício. Afinal o torresmo é alma do feijão tropeiro. Pára um pouco, ouve aquela voz e devolve dois. Mais um pouco e a maldita voz, espera mais um pouco e devolve o outro.Chega a batata frita e ai voce já não sabe o que fazer. Aí é tarde, você já se sujeitou ao seu maldito bom senso. Você cedeu à sua consciência, ela o apanhou em um momento de fraqueza. Melhor parar.
Insisto. Muito cuidado.
Uma alternativa politicamente correta seria a Picanha diet. Mas como seria isto? Primeiro passariamos a comer picanha de frango assada no gril do George Foreman. E uma técnica válida para sua elaboração seria a análise de todos os componentes que acompanham a nossa querida picanha, retirando-se aqueles que atentem contra os princípios básicos da alimentação sadia. Vamos começar com a cerveja — sai — tem álcool e tem açúcar — horrível. Torresmo — sai — gordura pura. Feijão — sai. Banana da Terra frita — sai. Vamos tirar o logo o feijão todo de uma vez. Farinha — sai — engorda. Arroz — sai — engorda. Sal — só um pouco — melhor nem botar. Batata frita então, nem pensar. Sobremesa — sai. Cafezinho — fica desde que seja com adoçante ou puro.
Seguindo por este caminho, ficaremos apenas com a couve do feijão tropeiro, Picanha que é Picanha completa tem couve no tropeiro. Eu gosto muito de couve, de modo que ficaria com a couve. Isto é mais ou menos como um programa de governo. Na eleição, torresmo à vontade. No final do mandato os talos da couve.
Confesso que não chega a empolgar. Mas também não é tão ruim assim. Afinal com este friozinho nada como uma boa e suculenta couve afogada no jantar. Tem vitamina C na couve e dizem que é bom para gastrite e úlcera e, vai que chova, você já está protegido com vitamina C.
Esquece tudo isso que escrevi pois o importante mesmo é sair, divertir-se, ver esta gente toda feliz, comendo uma suculenta Picanha completa com tudo que tem direito.
Bom apetite.
Nenhum comentário:
Postar um comentário